ANDRÉI ZHDANOV
[Este informe, do qual reproduzimos aqui alguns trechos, foi proferido em 1947 pelo dirigente Andréi Zhdanov, do Partido Comunista da União Soviética (PCUS). Publicado originalmente pela Revista Princípios, nº 8, maio/1984, pp. 45-50.]
Sabe-se que o leninismo assimilou todas as melhores tradições dos revolucionários democratas russos do século XIX e que nossa cultura soviética nasceu, desenvolveu-se e desabrochou graças à sua herança cultural do passado, sujeita à uma crítica aprofundada. No domínio da literatura nosso Partido reconheceu, mais uma vez, através das palavras de Lenin e Stalin, o importantíssimo papel dos grandes escritores e críticos revolucionários democratas – Belinski, Dobrolubov, Tchernychevsky, Saltykov-Tchedrin, Plekhanov. Começando por Belinski, todos os melhores representantes da intelectualidade revolucionária democrata não reconheciam a suposta “arte pura”, “arte pela arte”, e preconizavam a arte para o povo, sua alta significação ideológica e social. A arte não se pode afastar do destino do povo. Lembrai-vos da famosa “Carta a Gogol” de Belinski, em que o grande crítico fustigou apaixonadamente Gogol por ter este tentado trair o povo e passar para o campo do czar. Lenin caracterizou essa carta como uma das melhores produções da imprensa democrática não censurada, tendo conservado um grande alcance literário até o presente.
Lembrai-vos dos artigos jornalísticos e literários de Dobrolubov que mostram com tanta força todo o alcance social da literatura. Toda nossa literatura publicista revolucionário-democrática está impregnada de um ódio mortal do regime czarista e saturada do desejo generoso de lutar pelos interesses vitais do povo, pela sua cultura, sua instrução, sua libertação das cadeias do regime czarista. Para os grandes literatos russos, a literatura e a arte são meios de combate e de luta pelos supremos ideais do povo. Tchernychevsky, aquele que entre todos os socialistas utópicos mais se aproximou do socialismo científico, e cuja obra, como dizia Lenin, “irradiava o espírito da luta de classes”, ensinava que o objetivo da arte não era só compreender a vida, mas ainda ensinar os homens a apreciar em seu justo valor os diferentes fenômenos sociais. Seu amigo e companheiro de luta mais íntimo, Dobrolubov, acentuava que “a vida não segue as normas literárias, mas a literatura se adapta às tendências da vida” e preconizava intensivamente os princípios do realismo e do populismo na literatura, julgando que a arte suprema era a realidade, que esta era a fonte da arte e que a arte tinha um papel ativo na vida social, formando a consciência social. Segundo Dobrolubov, a literatura deveria servir à sociedade, dar aos povos respostas para as questões atuais mais prementes, e manter-se no nível das ideias de sua época.
A crítica literária marxista, continuando as grandes tradições de Belinski, Tchernychevsky, Dobrolubov, sempre foi campeã da arte realista e social. Plekhanov muito trabalhou para desmascarar as concepções idealistas e anticientíficas da literatura e da arte para defender os princípios fundamentais de nossos grandes revolucionários democratas que sempre ensinaram que a literatura é um instrumento poderoso para servir aos interesses do povo.
Foi Lenin quem primeiro exprimiu com a maior nitidez o ponto de vista do pensamento social progressista sobre a literatura e a arte. Quero lembrar-vos o célebre artigo de Lenin: “A Organização do Partido e a Literatura de Partido”, escrito em fins de 1905, onde ele mostrou, com o vigor que lhe é próprio, que a literatura não podia deixar de ter partido, que devia ser um fator importante na luta do proletariado. Nesse artigo ele apresentou todos os princípios que constituem a base do desenvolvimento de nossa literatura soviética. Lenin escreve que:
“A literatura deve tornar-se a obra do partido. Contra os costumes burgueses, a imprensa burguesa do comércio e da empresa, contra o carreirismo e o individualismo literários burgueses, a ‘anarquia senhorial’ e a caça dos lucros, o proletariado socialista deve apresentar o princípio de uma literatura de partido, desenvolver esse princípio e lhe dar vida de maneira mais completa.
“Em que consiste esse princípio de literatura de partido? Não somente em que a literatura proletária socialista não pode ser um meio de enriquecimento de um indivíduo ou de um grupo, mas que em geral não pode ser nem individual, nem independente da obra comum do proletariado. Abaixo os escritores sem partido! Abaixo os escritores super-homens! A literatura deve transformar-se em parte integrante da luta proletária”.
Mais adiante, no mesmo artigo de Lenin:
“É impossível viver na sociedade e dela não depender. A liberdade do escritor, do artista, da atriz burguesa não é senão dependência camuflada (ou hipocritamente disfarçada) da bolsa do empresário”.
O leninismo parte do princípio de que nossa literatura não pode ser apolítica, não pode considerar a “arte pela arte”, mas deve desempenhar um papel de vanguarda na vida social. Nisso se inspira o princípio leninista de literatura de partido – a contribuição mais preciosa de Lenin à ciência da literatura.
Segue-se daí que a melhor tradição da literatura soviética continua as melhores da literatura russa do século XIX, tradições criadas por nossos grandes revolucionários democratas – Belinski, Dobrolubov, Tchernychevsky, Saltykov-Tchedrin, seguidos por Plekhanov – formuladas cientificamente por Lenin e Stalin.
Nekrasov chamava sua poesia “a musa da vingança e da dor”. Tchernychevsky e Dobrolubov consideravam a literatura como um dever sagrado para com o povo. Os melhores representantes da intelectualidade democrática russa morriam, sob o regime czarista, por essas grandes ideias generosas, eram condenados à prisão e ao exílio. Como é possível esquecer-se dessas gloriosas tradições? Como não levá-las em consideração, como permitir que Akhmatovas e Zostchenkos lancem às escondidas palavras de ordem reacionárias da “arte pela arte” e, disfarçando-se com a máscara do apoliticismo, imponham ideias estranhas ao povo soviético?
O leninismo empresta à nossa literatura soviética uma grande importância social educativa. Se nossa literatura soviética permitir que esse papel educador seja rebaixado isto significa um recuo. A volta à “idade da pedra”.
O camarada Stalin denominou nossos escritores “os engenheiros da alma humana”. Essa definição tem uma grande significação. Subentende a enorme responsabilidade dos escritores soviéticos na educação dos homens, da juventude, em sua vigilância para não permitir produtos literários defeituosos.
Certas pessoas estranham que o Comitê Central tenha tomado medidas tão fortes numa questão literária. Não estão habituadas a isto. Acham perfeitamente natural a severidade nas questões de infrações na produção, ou de atraso na realização de programa da produção ou dos estoques de madeira, mas quanto às infrações na educação da alma humana ou da juventude, estas são toleradas. No entanto, não são estas faltas muito mais graves do que a não-realização de um programa de produção ou o fracasso de uma tarefa industrial? Com sua resolução, o Comitê Central pretende colocar a frente ideológica acima de todos os outros ramos de nosso trabalho.
Ultimamente foram notadas grandes deficiências e brechas na frente ideológica. Basta citar-vos o atraso de nossa arte cinematográfica. Quanto joio entre essas produções de nosso repertório dramático, sem contar o que aconteceu nas revistas Zviezda e Leningrado. O Comitê Central foi forçado a intervir e modificar categoricamente a situação. Não tinha mais o direito de atenuar o golpe que vibrava naqueles que se esquecem de suas obrigações para com o povo e a educação da juventude. Se quisermos chamar a atenção de nossos ativistas para os problemas ideológicos e a fazê-lo com ordem, orientando claramente a tarefa de cumprir, deveremos criticar duramente, como convém a homens soviéticos, bolcheviques, os erros e as deficiências do trabalho ideológico. Só então conseguiremos modificar a situação.
Certos escritores raciocinam da seguinte maneira: considerando-se que durante a guerra o povo passou fome de literatura, que se publicavam poucos livros, o leitor engolirá qualquer mercadoria, mesmo apodrecida. No entanto, não é o que acontece e não podemos admitir essa espécie de literatura que nos irão apresentar escritores, redatores e editores sem discernimento. O povo espera dos escritores soviéticos uma verdadeira armadura ideológica, uma alimentação espiritual que o ajudará a realizar os planos da grande construção, da restauração e do desenvolvimento da economia nacional do país.
Exige muito dos escritores, deseja ver satisfeitas suas aspirações ideológicas e culturais. Durante a guerra, devido às circunstâncias, não pudemos satisfazer suas necessidades vitais. O povo quer que se expressem os acontecimentos passados. Seu nível ideológico e cultural elevou-se. Frequentemente não fica satisfeito com a qualidade das obras literárias e artísticas que se publicam em nosso país. Certos escritores e trabalhadores da frente ideológica não querem compreender isto. O nível das exigências e do gosto de nosso povo elevou-se muito e aquele que não quiser compreendê-lo, ou nele não se conseguir manter, ficará para trás. A literatura não se destina unicamente a seguir o nível das necessidades do povo, muito mais, deve desenvolver seus gostos, elevar suas exigências, enriquecê-los com ideias novas, levá-lo para adiante. Aquele que não puder seguir o povo, satisfazer suas aspirações, manter-se no nível de desenvolvimento da cultura soviética, tornar-se-á forçosamente inútil.
Outro grande erro ocorre decorre da insuficiência ideológica dos diretores de Zviezda e Leningrado. Esse erro consiste em que alguns dos nossos trabalhadores da direção haviam colocado em primeiro plano suas relações com os escritores, não o interesse da educação dos homens soviéticos e de suas tendências políticas, mas interesses pessoais e de camaradagem. Diz-se que numerosas obras perigosas ideologicamente e fracas artisticamente, foram publicadas por medo de ofender este ou aquele escritor. Do ponto de vista desses redatores, era melhor sacrificar os interesses do povo e os do Estado a fim de não ofender ninguém. Essa é uma situação perfeitamente injusta e politicamente errada, é como se se pretendesse trocar um milhão por um tostão.
DESENVOLVER O ESPÍRITO CRÍTICO
O Comitê Central do Partido assinalou em sua resolução o grande perigo que existe no fato de substituir uma atitude de princípio na literatura por relações de camaradagem. Essa atitude de camaradagem, sem princípios, de certos escritores nossos, teve uma influência profundamente negativa, provocou o abaixamento do nível ideológico de numerosas obras literárias e facilitou o acesso à literatura a elementos estranhos à literatura soviética. A ausência de senso crítico nos chefes da frente ideológica em Leningrado, nos redatores das revistas da cidade, a substituição de uma atitude de princípio por relações de camaradagem, à custa dos interesses do povo, causaram um grande prejuízo.
O camarada Stalin nos ensina que se quisermos conservar quadros, instruí-los e educá-los, não deveremos ter medo de ofender ninguém, nem recear uma crítica de princípios audaciosa, franca e objetiva. Sem a crítica, qualquer organização, mesmo literária, pode desagregar-se. Sem a crítica pode-se agravar qualquer doença e será muito mais difícil vencê-la. Só uma crítica ousada e franca pode contribuir para aperfeiçoar nossos cidadãos, levá-los para a frente e superar as deficiências de seu trabalho. Onde não existe crítica, instala-se a estagnação, falta o ar, não há mais lugar para o progresso.
O camarada Stalin assinalou mais de uma vez que a condição essencial do nosso desenvolvimento é que todo cidadão soviético deve fazer corajosamente o balanço de seu trabalho, criticar suas deficiências e seus erros, refletir sobre a possibilidade de obter melhores resultados e trabalhar sem descanso para seu aperfeiçoamento. Isto se refere tanto aos escritores como aos demais trabalhadores. Aquele que tem medo de criticar seu trabalho é um poltrão desprezível, indigno da estima do povo.
A atitude não-crítica a respeito do trabalho, a substituição de uma atitude de princípio para com os escritores por uma atitude de camaradagem também está muito disseminada na direção da União dos Escritores Soviéticos. A direção da União, e particularmente seu presidente, o camarada Tikhonov, são responsáveis pelos erros descobertos nas revistas Zviezda e Leningrado, responsáveis não só pelo fato de não terem impedido a infiltração na literatura soviética da influência nociva de Zostchenko, Akhmatova e outros escritores não-soviéticos, como também por terem estimulado a infiltração em nossas revistas de tendências e costumes estranhos à literatura soviética.
O sistema de irresponsabilidade que se instalou na direção das revistas e, particularmente, na redação das revistas de Leningrado, onde não se sabia quem era o responsável pela revista, e pelos seus diferentes setores, onde não se observava nem a ordem mais elementar, esse sistema também influiu para as deficiências das duas revistas.
É indispensável consertar essa situação. Eis porque o Comitê Central em sua resolução designou um redator-chefe do Zviezda responsável por suas tendências e pelas altas qualidades ideológicas e artísticas das obras nela publicadas.
A desordem e a anarquia são inadmissíveis nas revistas, como em qualquer outra empresa. É necessária uma responsabilidade precisa para dirigir uma revista e cuidar do material literário por ela publicado.
Deveis restaurar as grandes tradições da literatura e da frente ideológica de Leningrado. É triste e penoso que as revistas de Leningrado, que sempre foram mananciais de ideias progressistas, de uma cultura progressista, tenham-se tornado o refúgio da indiferença e da vulgaridade. É preciso restabelecer a honra de Leningrado, como centro progressista, ideológico e cultural. É preciso recordar que Leningrado foi o berço das organizações bolcheviques de Lenin. Foi em Leningrado que Lenin e Stalin apresentaram os princípios do Partido Bolchevique, os princípios da doutrina e da cultura bolcheviques.
É uma questão de honra para os escritores de Leningrado, para suas atividades partidárias, restaurar e desenvolver essas gloriosas tradições de Leningrado. A tarefa dos trabalhadores da frente ideológica, acima de tudo os escritores, consiste em eliminar da literatura de Leningrado o apoliticismo e a vulgaridade, a elevar bem alto o estandarte da literatura soviética progressista, a aproveitar todas as possibilidades de elevar seu nível ideológico e artístico, e não ficar para trás dos temas da atualidade, das necessidades do povo, a desenvolver, por todos os meios, uma crítica ousada das deficiências, não uma crítica servil, nem de grupo, nem de confraria, mas uma verdadeira crítica audaciosa e independente, ideológica e bolchevique.
Camaradas, vedes claramente agora o erro grosseiro que o Comitê do Partido em Leningrado admitiu, e particularmente sua seção e seu Secretário de Propaganda, o camarada Chirokov, que havia sido colocado à frente do trabalho ideológico e que é o primeiro responsável pela má direção das revistas. O comitê de Leningrado cometeu um grande erro político adotando, em fins do mês de julho, uma decisão relativa à nova equipe de redação do Zviezda, nela incluindo Zostchenko. Só uma cegueira política pode explicar que o secretário do Comitê de Leningrado, Kapustin, e o secretário de propaganda do Comitê de Leningrado, Chirokov, tenham tomado uma decisão tão errônea. Repito, todos esses erros devem ser emendados o mais rapidamente e o mais categoricamente possível, a fim de que Leningrado retome seu lugar na vida ideológica de nosso Partido.
TAREFAS DO ESCRITOR SOVIÉTICO
Todos nós amamos Leningrado, todos nós amamos nossa organização do Partido em Leningrado, como uma das unidades de vanguarda de nosso Partido. Leningrado não deve ser o refúgio dos diversos canalhas literários que querem explorá-la no seu próprio interesse. Zostchenko, Akhmatova e tutti quanti não amam a Leningrado soviética. Veem nela o símbolo de outras instituições social-políticas e de uma outra ideologia. A antiga São Petersburgo, o Cavaleiro de Bronze, que a encarna aos seus olhos, eis as visões que lhes enchem os olhos. Mas nós amamos a Leningrado soviética, a Leningrado centro progressista da literatura soviética. A célebre coorte dos grandes revolucionários democratas, provenientes de Leningrado, são nossos antepassados diretos, a cuja árvore genealógica pertencemos. As grandes tradições da Leningrado de hoje continuam essas grandes tradições revolucionárias e democráticas que não trocaremos contra nada neste mundo. Que os ativistas de Leningrado analisem seus erros com coragem, sem olhar para trás, sem se deterem, a fim de retirar melhor e mais rapidamente suas faltas, e de levar avante nossa obra ideológica. Os bolcheviques de Leningrado devem novamente ocupar seu lugar na vanguarda da ideologia soviética, da consciência social soviética.
Como pode acontecer que o Comitê do Partido em Leningrado tenha admitido um tal estado de coisas na frente ideológica? Provavelmente interessou-se pelo trabalho prático, corrente, de restauração da cidade, pelo seu progresso industrial e esqueceu-se do papel de seu trabalho ideológico, e este esquecimento custou caro à organização de Leningrado! Não se pode esquecer do trabalho ideológico! As riquezas espirituais de nossos cidadãos são tão importantes quanto suas riquezas materiais. Viver como cego, sem se preocupar com o dia de amanhã é tão nocivo quanto no domínio da ideologia quanto no da produção material. Nossos homens soviéticos cresceram de tal maneira que não “engolirão” qualquer produção espiritual que lhes queiram oferecer. Os trabalhadores da cultura e da arte que não se queiram reformar, não poderão satisfazer as exigências crescentes do povo, e perderão rapidamente sua confiança.
Camaradas, nossa literatura soviética vive, e deve viver, pelos interesses do povo e da pátria. A literatura diz respeito ao povo. Eis porque o povo considera cada sucesso vosso, cada uma das vossas obras de valor como vitórias suas. Eis porque se pode comparar cada obra vitoriosa com um combate ganho, ou com uma grande vitória na frente econômica. Pelo contrário, cada fracasso na literatura soviética é profunda e amargamente sentido pelo povo, pelo Partido, pelo Estado. É precisamente o que visa a resolução do Comitê Central, que se preocupa com os interesses do povo, com sua literatura, e que está extremamente inquieto com a situação dos escritores de Leningrado.
Se homens apolíticos querem privar o batalhão dos escritores soviéticos de Leningrado de seus fundamentos, solapar o aspecto ideológico de seus trabalhos, privar a arte de seus escritores de seu alcance social educativo, o Comitê Central espera que saberão encontrar em si próprios forças suficientes para resistir a todas as tentativas de arrastá-los e às suas revistas na corrente do apoliticismo, da indiferença e da covardia. Estais na vanguarda da frente ideológica; erguem-se diante de vós imensas tarefas de significação internacional; isto deve estimular o sentimento de responsabilidade de todo escritor soviético para com seu povo, seu Estado, seu Partido, assim como a consciência da importância do dever cumprido.
Nossos sucessos desagradam ao mundo burguês, tanto em nosso país como na arena internacional. Depois da segunda guerra mundial consolidaram-se as posições socialistas. O socialismo está na ordem do dia em numerosos países da Europa, o que contraria os imperialistas de toda espécie. Eles temem o socialismo, temem nosso país socialista, que é o modelo para toda a humanidade progressista. Os imperialistas, seus êmulos ideológicos, seus escritores e seus jornalistas, seus políticos e seus diplomatas procuram por todos os meios caluniar nosso país, apresentá-lo sob uma falsa luz, caluniar o socialismo. Nessas condições a tarefa da literatura soviética consiste não só em devolver, golpe por golpe, toda essa odiosa calúnia e todo ataque contra nossa cultura soviética, contra o socialismo, mas ainda em fustigar e atacar corajosamente a cultura burguesa que está num estado de marasmo e corrupção.
Por mais bela que seja a forma externa das obras dos escritores burgueses atuais da Europa Ocidental ou da América, dos empresários cinematográficos ou dramáticos, eles não saberão salvar ou reerguer sua cultura burguesa, pois que esta está a serviço da propriedade privada capitalista, a serviço de interesses egoístas, de uma sociedade privilegiada burguesa. Toda multidão de escritores, de empresários burgueses, procura desviar a atenção das camadas progressistas da sociedade das questões candentes da luta política e social, e de orientá-la para uma literatura e uma arte apolíticas, repletas de gangsters, de figurantes das Variedades, da apologia do adultério e das façanhas de toda sorte de aventureiros e velhacos.
Por acaso nos convém, a nós, representantes da cultura soviética progressista, patriotas soviéticos, esse papel servil diante da cultura burguesa ou o papel de seus discípulos? É nossa literatura, refletindo um regime mais evoluído que qualquer regime burguês-democrático, uma cultura muitas vezes superior a qualquer cultura burguesa, que tem direito de ensinar a outros uma nova moral humana. Onde encontrareis um povo e um país como os nossos? Onde encontrareis essas notáveis virtudes de homens de que deu prova nosso povo soviético na Grande Guerra Patriótica e de que dá prova diariamente em seu trabalho, tendo passado à restauração e ao desenvolvimento pacíficos da economia e da cultura? Cada dia que se passa vê elevar-se mais nosso povo. Não somos mais hoje o que fomos ontem, e amanhã não seremos mais o que somos hoje. Não somos mais os russos de antes de 1917 e a Rússia não é mais a mesma, como não o é nosso caráter. Mudamos, crescemos com essas gigantescas reformas que modificaram radicalmente o aspecto de nosso país. Mostrar essas grandes virtudes novas dos homens soviéticos, mostrar nosso povo, não somente como é hoje, mas como será amanhã, iluminar com um projetor o caminho que está à frente – tais são as tarefas do escritor soviético honesto. O escritor não pode ficar a reboque dos acontecimentos, deve marchar na vanguarda do povo, mostrando-lhe o caminho de seu desenvolvimento! Inspirando-se nos métodos do realismo socialista, estudando conscientemente e atentamente nossa realidade, esforçando-se por penetrar mais profundamente na essência de nossa evolução, o escritor deve educar o povo e armá-lo ideologicamente. Apontando os melhores sentimentos e qualidades do homem soviético, revelando-lhe seu futuro, devemos ao mesmo tempo mostrar ao nosso povo aquilo que ele não deve ser, devemos fustigar as remanescências do passado, as remanescências que impedem o homem soviético de marchar para frente. Os escritores soviéticos devem ajudar o povo, o Estado, o Partido a educar nossa juventude corajosa e confiante em suas forças, sem temer quaisquer dificuldades.
Sejam quais forem os esforços dos políticos e dos escritores burgueses para esconder de seus povos a verdade pura, os resultados obtidos pelo regime e a cultura soviéticos, apesar de todas as suas tentativas de erguer uma cortina de ferro, através da qual a verdade sobre a União Soviética não possa penetrar, de diminuir a verdadeira envergadura da cultura soviética – todas essas tentativas estarão fadadas ao fracasso. Conhecemos muito bem a forma e a supremacia de nossa cultura. Basta lembrar os sucessos estupendos de nossas delegações culturais no estrangeiro, nossa parada de cultura física etc. Acaso cabe-nos, a nós, prosternar-nos servilmente diante do estrangeiro ou aquartelarmo-nos na defensiva?
Se o regime feudal, e em seguida a burguesia, conseguiram em seu período de florescimento criar uma arte e uma literatura para consagrar um novo regime e proclamar seu brilho, tanto melhor poderemos nós criar, graças ao novo regime socialista, que representa o que há de supremo e de melhor na história da civilização e da cultura humanas, a literatura mais progressista, que sobrepujará as melhores obras do passado.
Camaradas, que quer e exige o Comitê Central? Quer que os ativistas e escritores de Leningrado compreendam bem que chegou o momento em que é indispensável reerguer consideravelmente o nível de nosso trabalho ideológico. A jovem geração soviética deverá consolidar as forças e o poder do regime soviético socialista, explorando plenamente as forças motrizes da sociedade soviética, com vistas ao florescimento sem precedente de nosso bem-estar e de nossa cultura. Para este fim, a jovem geração deve ser educada, corajosamente, ardentemente, sem temer obstáculos, marchando ao encontro de todas as dificuldades e sabendo superá-las. Nossos homens devem ser instruídos, ter ideias elevadas, exigências e gostos culturais e morais desenvolvidos. Com esse objetivo, nossa literatura, nossas revistas, não devem manter-se afastadas dos problemas da atualidade, mas, ao contrário, devem ajudar o Partido e o povo a educar a juventude num espírito de fidelidade absoluta ao regime soviético, de abnegação aos interesses do povo.
Os escritores soviéticos e todos os nossos trabalhadores ideológicos ocupam na hora atual a primeira linha, pois que na conjuntura da paz, as tarefas da frente ideológica, e em primeiro lugar dos escritores, longe de se restringirem, intensificam-se. O povo, o Estado, o Partido, não querem que os escritores se afastem da realidade, querem que a literatura esclareça todos os aspectos da vida soviética. Os bolcheviques apreciam grandemente a literatura, veem claramente sua missão histórica e seu papel na consolidação da unidade moral e política do povo, na sua fusão e sua educação. O Comitê Central quer que tenhamos uma abundante cultura espiritual, pois que vê nessa riqueza uma das principais tarefas do socialismo.
O Comitê Central está certo de que o setor literário de Leningrado, moral e politicamente sadio, saberá retificar rapidamente seus erros e ocupar o lugar que lhe cabe na literatura soviética.
Está certo de que as deficiências do trabalho dos escritores de Leningrado serão superadas e que o trabalho ideológico da organização do Partido nessa cidade elevar-se-á no mais breve prazo à altura atualmente necessária aos interesses do Partido, do povo e do Estado.